Por Marcelo Soares
Há dois anos eu participo de um projeto ligado a produção audiovisual, focado mais no cinema, onde levamos oficinas de produção audiovisual para cidades do interior. Ingressei no projeto como aluno selecionado em uma prova realizada pelo setor de extensão da Universidade Federal da Paraíba, nesse periodo me tornei monitor de sala de aula e hoje em dia faço assessoria de comunicação, porém, o que mais me chamou a atenção e me anima a continuar dentro do projeto não é a ascensão profissional ou oportunidades nesse campo, mas, sim, poder ver como o cinema e projetos como o nosso podem mudar pensamentos e serem mais que culturais, serem sociais.
Há dois anos eu participo de um projeto ligado a produção audiovisual, focado mais no cinema, onde levamos oficinas de produção audiovisual para cidades do interior. Ingressei no projeto como aluno selecionado em uma prova realizada pelo setor de extensão da Universidade Federal da Paraíba, nesse periodo me tornei monitor de sala de aula e hoje em dia faço assessoria de comunicação, porém, o que mais me chamou a atenção e me anima a continuar dentro do projeto não é a ascensão profissional ou oportunidades nesse campo, mas, sim, poder ver como o cinema e projetos como o nosso podem mudar pensamentos e serem mais que culturais, serem sociais.
A primeira exibição cinematográfica do mundo foi a saída dos empregados da fábrica Lumière, mostrando a pessoas a vida comum (?) de outras pessoas. Desde sua gênese a sétima arte já buscava revelar o mundo ao mundo, criar em alguém do outro lado de um país, por exemplo, identificação com uma realidade, pensamento ou simplesmente emocionar, gerar curiosidade, momentos de integração coletiva. Também é isso que o Paraíba Cine Senhor, e projetos semelhantes a ele, tentam levar para moradores de locais sem muito acesso a produções realziadas e, ainda mais, sem contato com o por trás das câmeras e como fazer cinema.
Através de um filme, uma discussão sobre ele ou a produção dele, idéias se expandem, novas realidades se constroem, infelizmente, o que tenho visto no interior paraibano até hoje é desanimador no sentido de interesse das pessoas, e ai coloco tanto a população quanto grupos culturais e governantes locais, em promover o fazer audiovisual, seja com o "por a mão na massa" ou debater sobre ele. Afinal, projetos vem, ensinam algo e vão, é dever de quem fica também tentar manter viva a centelha aberta pelo projeto.
Passei por Monteiro, Areia, Taperoá, Cabaceiras, Bananeiras (2008), Serra Branca (2009), Alagoa Grande e São José de Espinhares (2010), de todas essas cidades o que se tem hoje em dia? As informações que já me chegaram me deixam triste. Brigas politicas, arrogâncias de gerenciadores públicos, comprometimento zero de ex-alunos, muita coisa se perde com o tempo. Cabaceiras pelo que sei tem um ponto de cultura, soube que no mesmo ano que o Cine Senhor passou por lá ex-alunos ainda produziram algo, mas, até onde sei, nada mais se manteve. Em Monteiro sei só sobre um único ativista que já trabalhava com filmagens e continua, agora com um olhar técnico mais apurado, as outras cidades de 2008 pararam pelo que sei.
Fico mais triste por Areia, minha terra natal, que mesmo sendo patrimônio histórico nacional tem quase nada de impeto cultural, nem pelos secretários (um em especial bem arrogante e chato), nem pelas pessoas, que como "bons" brasileiros reclamam, reclamam, e nada fazem. Jovens vivem de orkuts e farras de fim de semana e só, esperando "a morte chegar", como diria Raul Seixas. Concordo que o Cine Senhor teve seus contratempos e aceito a culpa de atrasos em retorno com os videos, mas pessoas e cidades que quererm ser algo mais do que observadores tem que se mexer, e não esperar que "estrangeiros" tragam espelhos e jóias.
Tiro como prova alguns alunos de Alagoa Grande e São José de Espinharas, que após a passagem do projeto - ainda há algum tempo de verem seus videos editados e prontos - já fundaram cineclubes e estão tentando tatear como podem o discutir cinema e seguir pensando sobre. Como muitos falam, cinema é também guerrilha, é também loucura, mas, para mim, uma loucura com sanidade, não me agrada qualquer coisa com a desculpa de ser "experimental", "diversão", "loucura", posso ser chato e careta, mas assim que penso.
Cinema para mim é para provocar mentes, levar realidades, sonhos, desejos, gerar discussão, mas se fazendo entender, piada interna em minha opinião deve-se ficar internamente, quando sai para pessoas que não as conhecem se torna nada. Acabei viajando um pouco no texto, mas é assim que minha mente funciona, fazendo interconexões de assuntos, mas, também, não é asim que o cinema funciona? Quando vemos um filme muitas vezes não ligamos a outro ou a algo de nossa vida, que ouvimos falar? Para mim, cinema é arte, mas também é educação, inclusão social e valorização, é tanto cultural quanto social.
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