domingo, 23 de maio de 2010

Caiana minha, caiana tua, caiana nossa


Grupo de Ciranda "Caiana minha, caiana tua, caiana nossa"
(Foto do site http://www.flickr.com/photos/naza)


Por Rodrigo Menezes

Caiana dos Crioulos surgiu como todo quilombo, da luta pela liberdade dos negros fugidos que se organizavam em comunidade. Em maio de 2005, a comunidade de Caiana foi reconhecida pela Fundação Cultural Palmares como um verdadeiro remanescente quilombola.



Situado a 15 km da cidade de Alagoa Grande, na Paraíba, o quilombo sobrevive da agricultura familiar, da renda dos aposentados e dos assistidos pelo programa Bolsa Família, do Governo Federal. É em razão dessa dificuldade de sobreviver que a comunidade sofre com a emigração, muitos saem de Caiana para aventurar a vida no Rio de Janeiro. Elza Ursulino, quilombola e aluna do Paraíba Cine Senhor, nos diz que tem medo que seus filhos também queiram ir embora para a capital carioca, e explica que esse problema afeta principalmente os mais novos “os jovens não querem mais ficar, quando eles se casam vão logo para o Rio”. “Os jovens, não têm trabalho, eu tenho três filhos no Rio de Janeiro e o mais novo, de 14 anos, já fala em ir também pra lá”, conta Severina da Silva (Cida de Caiana), presidente da Associação de Moradores.


Apesar dos problemas sociais enfrentados pelos moradores, o quilombo, possui uma cultura riquíssima. O grupo de cirandeiras e a banda de pífanos, são os maiores destaques da comunidade, porém enfrentam dificuldades por não receberem incentivos governamentais, “precisa-se de um bom projeto para dar uma força à cultura”, almeja Elza.


Outra saída para gerar renda, seria investir no turismo. O povoado poderia receber turistas que vão em busca da de conhecer a cultura local, do ecoturismo, e do turismo social. Segundo Elza, “o turismo pode ser uma fonte de renda, mas também é um fator preocupante, pois a recepção de turistas de uma forma despreparada pode acarretar danos culturais à comunidade”, deve-se primeiro ter um investimento na qualificação dos moradores para receber o turista e ter também uma infra-estrutura adequada para tal.


A comunidade quilombola, tem ainda uma organização política que reivindica os seus direitos perante os poderes públicos. A Associação de Mulheres Negras, é um demonstrativo dessa organização. Onde as mulheres cuidam da saúde da comunidade, e fortalecem a sua identidade cultural como negra.

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