terça-feira, 11 de maio de 2010

Os sapos nem cantam nem lavam os pés

Lagoa do Paó, Alagoa Grande - PB
Por Rodrigo Menezes

É só chegar na praça de Alagoa Grande e tocar no assunto para a polêmica se estabelecer. Logo é o time dos que acreditam nos sapos mudos, contra os que dizem que os sapos cantam. Reza a lenda que a zoada que os anfíbios faziam às margens da lagoa do Paó era tamanha que não se podia dormir na cidade. Foi então que o “Padim Frei Damião”, em visita missionária ao município, pregando às margens da lagoa, não podendo se fazer ouvir devido ao ensurdecedor coaxar, ordenou que os sapos se calassem e há quem afirme que eles emudeceram de vez.


Mas a lenda vai ainda mais longe. Entra Frei Herculano no lugar de Frei Daminhão, e o acontecimento passa a ser dia 31 de agosto de 1919, dia do nascimento de Jackson do Pandeiro. “Os sapos calaram-se para dar voz a Jackson, no mesmo instante que calavam-se os sapos, nascia, na usina Tanques, Jackson do Pandeiro”, ilustra Javancy Celso. Assim, apenas o Rei do Ritmo poderia devolver o coaxar aos cururus. E foi o que ele fez. Deu voz ao único sapo que ainda é capaz de cantar em Alagoa Grande, o famoso Tião.

“E é assim que o sapo canta na lagoa
sua toada improvisada em dez pés
Tião? (oi)
fosse? (fui)
Comprasse? (comprei)
pagaste? (paguei)
Me diz quanto foi? (Foi 500 réis)”
(Da músca Cantiga do Sapo de Jackson do Pandeiro)

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